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Mensagens

A mostrar mensagens de julho 2, 2017

A hora da fuga

Verifiquei o relógio às 06:20.             Fugia uma brisa fresca do espaço pela janela dentro. E nós, já desaparecidos no tempo seguinte entrávamos pela manhã com a felicidade por um braço perfeitamente bêbados, de corpos tão desprendidos.

...onde o vento sopra mais forte

O meu caríssimo amigo Rui T, em actuação ao vivo no Teatro Municipal de Vila do Conde, com o novo tema, entretanto já gravado: "Corre", baseado no meu livro com o mesmo título. O Humberto sorri algures. Podem saber um pouco mais sobre o Rui e o seu trabalho, aqui .

Nós, os terráqueos.

É duro, cru e extremamente agressivo para os corações mais sensíveis, é. Mas tem de ser, de outro modo não funcionaria tão eficazmente. Ainda assim, havia de ser obrigatório ver-se este documentário nas escolas. Talvez a um nível intermédio de ensino, no segundo ciclo, por exemplo. Ás vezes as matérias dos pesadelos são as catarses que precisámos para acordar. E todas as crianças deveriam crescer sabendo o que representa verdadeiramente um animal, em vez daquilo com que nos ocupamos a inventar-lhes. Não as deixar indiferentes, no mais terrível dos escuros, que é a ignorância forçada pelo medo ou pelo desinteresse. Porque, sabem, uma criança consegue pensar muito bem por si própria, e se lhes mostrarmos, elas decidirão sozinhas e para o futuro.  É o nosso dever, visto partilharmos o mundo com eles, os animais. Aconselho também todos os que ainda não assistiram, a vê-lo. Aconselho veementemente. E nem sou nenhum fanático pelos direitos dos animais, não sou vegetariano ou vegano ta

A Liberdade é uma sardinha

Foto: Karel Bernard/Barcroft Media

Recordações do Futuro

Pequeno excerto do novo livro, que vai dando o trabalho duro que merece. Só para colher opiniões de quem as quiser dar. (...) Voltei à casa da Beatriz, no dia do seu funeral, e trouxe todos os barquinhos de fantasia do comandante Marques, receando que alguém, menos escrupuloso, os deitasse ao mar quando esse cá chegasse. – Tenho cada vez mais o sentido da propriedade pelas recordações dos outros, no caso particular de estas, fazerem algum sentido para mim. Foram coisas muito preciosas, e eu, inexplicavelmente preciso da sua proximidade física. - Alguns vinham dentro de garrafas, outros emoldurados em quadros, muitos eram só meros ornamentos de bibelô – esses deixei-os sem remorso - a maioria estavam em livros, ainda a navegar em boas histórias e esses, sobretudo, eram os que mais me interessavam. Seria necessária uma equipa a funcionar vinte e quatro horas para impedir a selva de engolir cada detalhe dos Marques, das batalhas marítimas à decadência do

Curtas

No próximo Domingo, aqui por estes lados, no Festival Curtas de Vila do Conde, passa um pequeno filme "Vaza", co-escrito por um amigo, João Pedro Azul e realizado por outro, Zé Manel Sá . É para aparecerem cheios de vontade de verem bom cinema.

Inúteis Falos

Foto: Jorge Machado Longamente, depois dos dias e das gentes e do trabalho acabado resta a armada de canhões silenciosos, o ar e o mundo deixados sem procura. E a luz voltou ao preto e branco convergindo para um céu farpado de vigílias tenebrosas, de desdém em paisagens de frágeis parapeitos esticados pela memória dura presa eternamente, em terra de ninguém.

In utero

Jóhann Jóhannsson - Flight From The City

Dia sim, dia não, uma beleza antiga

Louise "Lulu" Brooks - 1906-1985

Ideias atiradas ao ar

O deus da minha infância, nunca fez amor.  Talvez seja o único deus que nunca fez amor, entre todos os deuses de todas as religiões de todos os povos de todo um enxame de humanidade que, sendo feita à sua semelhança, jamais poderia existir. Pensei nisto hoje enquanto me masturbava, e senti tanta pena dele.

O Futuro já não é o que costumava ser

O medo persegue-me em toda a parte nos caminhos que já percorri e pelo insustentável nevoeiro do futuro. Traz horizontes mal soletrados na memória como delírios propositados contra a lucidez. O medo nunca se esforçou por esquecer,  o sossego do meu indestrutível baluarte. Encontra-me, fustiga e mostra-me o que já esqueci. O medo é egoísta, solitário, é duro. Impacienta-o o curso mudado da minha história e usufrui extasiado, o medo, um susto de cada vez até morreres, oh medo, até um de nós morrer. "Todos os Fogos são Fevereiro" 2017

Fazer as pazes com o vazio

Falsa Partida

Repesco aqui um texto que escrevi, que é o capítulo um de um conto: " O Fim da Inocência ", que viria a ser, um de muitos, cada um escrito por mãos diferentes. Isto veio a ser um projecto idealizado por uma boa amiga, a grande Luisa , mulher de enorme tenacidade face às tremendas adversidades que a trancaram em uma cama. Encontrou na escrita a liberdade que o corpo já não lhe permitia, e não se quis ficar. Tratou de sair pelo ar e juntar os amigos para irem escrevendo com ela. Chegamos a ser mais de doze, escrevendo ao prazo, que nos ia pautando a Luisa. A coisa resultou bem, salvo um ou outro contra-tempo, cada um em seu estilo, adequava a história o melhor que conseguia ao capítulo anteriormente escrito por outrem e por aí adiante. Havia até uma cronologia, que não era inflexível nem nada. Não se podendo saltava-se aquele interveniente e continuava o seguinte, voltando o primeiro à lista logo que pudesse. A história tinha de prosseguir, estávamos determinados a isso.