Encaremos os factos: ninguém quer realmente saber.
Se escrever mudasse cabeças,
já tantas teriam caído há mais tempo
que as ervas daninhas
demoram a apodrecer
entre os espaços nulos do bem e do mal.
Já entendi, sim, eu percebi,
entre os espaços nulos do bem e do mal.
Já entendi, sim, eu percebi,
não me fazem nenhum favor
contra estas coisas minhas.
contra estas coisas minhas.
Estou tramado, como sempre estive de qualquer maneira.
Tenho dias de folha vazia, e outros de parecer escritor.
(nem sei qual o grande escândalo sobre isto, é usual).
Uns dias escrevem-se ódios por canseira
outros não.
Outros são
cidades deprimentes, espreguiçadeiras
carícias de mãe, outros não.
Outros não
são
desintegrados alguns, golpeados e violados.
Tenho dias em que não me apetece correr nenhuma corrida
à altura impossível do frasco de biscoitos
outros são dias roubados
e outros ainda, enormes tesouras de podar
cidades deprimentes, espreguiçadeiras
carícias de mãe, outros não.
Outros não
são
desintegrados alguns, golpeados e violados.
Tenho dias em que não me apetece correr nenhuma corrida
à altura impossível do frasco de biscoitos
outros são dias roubados
e outros ainda, enormes tesouras de podar
que mais cortam ao redor de mim mesmo.
Das coisas que me matam por igual
ressalvo as grinaldas do poder
ressalvo as grinaldas do poder
crescendo sozinhas a favor desta frustração.
É um vagar que se ganha com a idade,
é.
é.
Deixar-me de alarmes falsos
e passar a herói de charneira.
aqui estou seguro, aqui estou seguro, aqui estou
aqui estou seguro, aqui estou seguro, aqui estou
sentado, e sei já que tudo passa.
Chega a ser bonito isto. A auto-realização inactiva.
Só quando me levanto é que desabo
do alto da minha vida.
Só quando me levanto é que desabo
do alto da minha vida.
Leio um conto do Sartre e penso: ok, vou morrer!
Que novidade.
Que novidade.
Já sabia isso pouco depois de nascer.
Até essa autoridade perdeu a graça.
Escrevo sempre o que ninguém vem ler.
Isto não é nenhum poema, digo-vos de verdade.
Surpreendam-me.
Em seis anos pus a circular mais de um milhão de palavras
inúteis.
Cada sílaba uma prisão perpétua
cheia de selvagens e ansiedade.
Em seis anos pus a circular mais de um milhão de palavras
inúteis.
Cada sílaba uma prisão perpétua
cheia de selvagens e ansiedade.
Guardem os anjos e os demônios para dentro e mostrem-me pessoas ou
eufemismos.
Estes remoinhos são só meus
Estes remoinhos são só meus
aborrecimentos
por causa de um sinal de trânsito.
por causa de um sinal de trânsito.
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