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Mensagens

A mostrar mensagens de junho 1, 2014

Contos de nós.

  Para se ser completo, é preciso um certo tipo de silêncio primórdio , da capacidade optimizada de se filtrar todo o ruído em redor . C ada vez mais , na nossa sociedade sediada em redes, tudo se torna demasiado intrusivo; cada movimento e rumor são imediatamente "postados", "tweetados" , "instagramados" ou "blogados", e o assassinato sistemático da contemplação que tanto desejamos , prossegue, n um estranho tipo de distração letal , uma derrocada a caminho da procrastinação absoluta, que surge dissimulada no guia de um saber estar. Mas estar onde? Com quem? E porquê? - Se estivermos sós, seremos bichos? Perderemos o estatuto de ser pessoa? - É quase como se nos marcassem o cérebro em brasa, a ferro, como se fossemos gado, e nos dissessem: se não estiveres aqui nem existes. Acostuma-te a isso, ou morre para aí, sozinho. Obrigado. Que não existo já eu sei. "A existência não é objectiva, mas uma realização subjec

O Ego em construção

"Narciso e o Eco" - Caravaggio Gostava tanto de escrever coisas inteligentes e depois andar desprevenido por algum lado e ver-me citado numa parede. Coisas há que ainda me causarão surpresa, um dia. Será novidade e da novidade pouco haverá a dizer. Já sobre os dias, bem, os dias ainda são meus e escrevo-os. Se não fosse existirem outros mais inteligentes do que eu, certamente que seria citado mais vezes. Tenho os meus dias, sim, e esses ninguém mos tira. Ganhei-os com a dignidade possível, que ficou sempre muito abaixo daquilo que esperaria de mim. A escrita nunca me salvou, mas muito me vem consolando. Tantas e tantas vezes. No quotidiano rebentado dos invisíveis nunca se passa nada de grave. Anda só uma bola de rancor a bater entre o peito e a cabeça. A bater e a bater, feito uma parede pareço. Tanto azedume que fica aqui posto, parado em nostalgias. De quê? Nem sei bem. Não é difícil perceber que não se pode falar disto em outros lados, pois ninguém muito liga a