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A mostrar mensagens de julho 15, 2012

Caí do mundo por um abraço

Lembras-te do tempo em que choveste a noite inteira, uma tempestade furiosa longe dos meus braços. Recordas a altura exacta em que a ilha afundou, e ninguém a quis agarrar? Lembras-te do momento em que as árvores caíram? A madeira arrombou as paredes, naquele som que acordaria os mortos. Mas ninguém se importou sequer em acordar. Alguém se perdeu por isto Alguém se perdeu por um abraço. Imaginas ainda o tempo em que o céu escureceu? Esperei por ti, deitado na areia. E só parecia haver o som do mar furioso, e ninguém a estender-me os braços. Alguém se perdeu por isto Alguém se perdeu por um abraço, um abraço, só por um abraço. Casimiro Teixeira - 2012

Queríamos ser o céu.

Pelos fins de Junho, dei a saber ao Professor Múrcia a minha irrevogável decisão de mandar para o diabo a ciência das leis da vida, fosse ela qual fosse, e de me consagrar inteiramente à paixão dos romances: mas ele deferiu, com grande desgosto meu, ao pedido de ser meu professor de escrita criativa. A música cristalina da sua voz, ressoava no regresso de cada lição, aos meus ouvidos como uma opereta; nos olhos, porém, assomavam lágrimas. Não, não disse palavra ao Professor Múrcia sobre a minha descida aos infernos, nunca aludi sequer, a questão da trágica morte da Laura, foi somente pela minha total falta de entusiasmo, que ele começou a ter sérias dúvidas sobre a minha vocação para as letras.  Todavia, insistia em pensar que a minha falta de êxito, detinha-se sobretudo na incapacidade de convivência, e na dificuldade de afazer o espírito às sensações e aos pensamentos daquelas supinas personagens que criava. E ele acertava no que dizia, sem assomo de dú