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A mostrar mensagens de fevereiro 26, 2012

Este difícil engenho...

Sempre a favor da minha própria vontade, o novo romance não me sai da cabeça; sonho acordado com ele, e vergo-me, noite após noite à sua tirania. A cadeira está agora ligeiramente inclinada, o que não me permite encontrar bem uma posição certa. Inspiro profundamente e deixo que o fumo substitua a névoa espessa que me bloqueia as ideias. Recordo os bancos dos jardins, e o murete cimentado da marginal. Os fins de tarde, tão tímidos e sem coragem, o fragmento de verde sem fim mal imaginado, e um azul estranho que se me entranha nas memórias com sons e aromas tão definidos que os sinto metálicos nos sentidos. Todos aqueles momentos de mar, inspirados ao longo dos anos, onde me deixara abandonar em tantas outras tardes de inverno, e onde estivera, estou certo de que ali estive, em silêncio, ou em conversas, rindo-me ou sofrendo, já não sei bem. A falta que a escrita me faz..assemelha-se a um mal físico, que por vezes consigo reprimir, outras vezes, não. Quando se perde a palavra, o golp
O amor é vegetal: cresce ou seca. E é terroso — afunda-nos em pó ou erige-nos em mármore. O amor é marítimo — engole-nos para o indizível mundo das sereias e dos corais ou expulsa-nos na areia ou contra as falésias. E é animal — ou nos lambe ou degusta ou engole... Arco-íris, o amor, e por cada cor (e ele tem muitas mais) uma travessia, breve ou longa. E também é música e ruído, tantas vezes ao mesmo tempo. E o que é música para uns pode ser ruído para outros — e, por isso, este prazer não pode ter fim.

Apresentação na FNAC Viseu (as fotos)